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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

TODOS HAVERÃO DE RESSUSCITAR


"Não admireis, pois vem a hora em que todos os que estão no túmulos ouvirão a voz do filho do homem, e sairão; os que tiverem praticado o bem, ressuscitarão para a vida, os que tiverem cometido o mal, ressuscitarão para a condenação" (Jo 5,28)

Na morte, que é a separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que a sua alma vai ao encontro de Deus, ficando a espera de ser novamente unida ao corpo glorificado. Deus na sua onipotência restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos unindo-os as nossas almas, pela virtude da ressurreição de Jesus (Cf. CIC 997)[1].
Todos os homens ressuscitarão – todos os que morrem: “os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados”. (Jo 5,29). A graça de não mais morrer será conferida aos ressuscitados, tanto para os justos, como para os condenados. Para os justos a imortalidade  será igualmente o sinal da vitória que terão obtido com Cristo sobre o pecado; com efeito, na atual ordem de coisas o homem sofre a morte não como fenômeno meramente natural, mas como uma sanção devida à culpa do primeiro pai -Adão-; uma vez consumada a vitória sobre o pecado e suas conseqüências, será restituída ao homem a graça paradisíaca da imortalidade. Nada mais poderá ameaçar ou coibir a vida dos ressuscitados, não mais terá tendência a corruptibilidade. Não terá mais necessidade das funções de nutrição e geração, elementos que os indivíduos e a sociedade procuram para perpetuar-se e suprir as necessidades do corpo mortal, pois serão comparados aos anjos do céu (cf. Lc 20,35). Para os condenados, a imortalidade não será motivo de alegria, mas sim uma pena aflitiva, pois entrarão num estado de sofrimento eterno.

Outro fato que podemos supor é o fato  de que os ressuscitados, tanto os justos quanto os injustos, possuirão todos os órgãos e membros, todas as faculdades que o corpo humano por natureza possui, ainda que, tenham sido mutilado ou disforme por nascença neste mundo, e ainda conservará também a distinção de sexo. Esse fato, que reputo um tanto difícil de compreender decorre do fato de que o homem ressuscitará, conforme o Plano de Deus, a fim de atingir a consumação a plenitude da vida. Assim sendo, deverá gozar de tudo aquilo que pertence à natureza humana como tal. Assim, Deus haverá de restaurar nos corpos ressuscitados os órgãos amputados ou mutilados nesta vida; Ele dará até mesmo aqueles que o individuo nunca tenha possuído (olhos, por exemplo, aos cegos de nascimento; os desdentados recuperaram todos os dentes). Também as unhas e os cabelos integrarão o novo corpo, estes em quantidade normal, nem deficiente e nem excessiva. Também, devemos ter em conta que muitos órgãos só têm sua função nas circunstancia dessa vida terrena e não serão utilizados após a ressurreição; todavia já que pertencem à integralidade da natureza, não poderão faltar. É de supor que seja assim, pois nada que não esteja perfeito permanecerá na presença de Deus. Assim, também, depois do juízo final, o próprio universo, libertado da escravidão da corrupção, participará na glória de Cristo com a inauguração dos “novos céus e da nova terra” (2 Pd 3,13). Será assim alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja, a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de “recapitular em Cristo todas as coisas, as do céu e as da terra” (Ef 1,10). Deus será então “tudo em todos” (1 Cor 15,28), na vida eterna. A vida eterna é a que se iniciará imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por um juízo particular[2] realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será confirmada pelo juízo final.

Jesus histórico, o Cristo  de Deus, ressuscitou com o seu próprio corpo: “Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. (Lc 24,39); mas Ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma, Nele, todos ressuscitarão com seus próprios corpos, que tem agora.[3] Porém esse corpo será “transfigurado em corpo de glória” (Flp 3,21), em “corpo espiritual” (1 Cor 15,44). O corpo glorificado receberá o dom da agilidade, pelo qual poderá locomover com presteza, sem conhecer o cansaço e o obstáculo. Essa agilidade é a consequência do pleno domínio que a alma bem-aventurada exercerá sobre o corpo.
O corpo ressuscitado não deixa de ser matéria para se converter em espírito, ele é matéria autentica, pois deixa ser tocado, “Oito dias depois,... estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado...” (Cf.Jo 20,26-27) e ainda, Jesus come com seus discípulos. (Jo 21, 9-15), contudo ser matéria, mas matéria intensamente penetrada pelo espírito. Matéria mais rica de qualidade, mais nobre do que as que possuí atualmente. São Paulo em 1ª Coríntios 15,44 – refere-se ao “corpo espiritual”, isto significa, um corpo de matéria em que o Espírito Santo expande plenamente a vida e a glória de Deus.

O corpo glorificado do justo refletirá a glória da alma, que redundará numa carne tornada translúcida à semelhança de um vidro. Podemos até dizer que a beleza sobrenatural do Espírito, recebido no corpo, tomará aspecto visível. Isto de certo modo, na medida em que o batizado possui a graça santificante, já deveria acontecer aqui na terra, mas não se dá em vista do corpo ainda estar sujeito às consequências do pecado. Jesus trazia em sua carne essa possibilidade desde o seu nascimento em Belém, porém, Ele renunciou voluntariamente, só demonstrando esse poder na transfiguração no monte Tabor.  Na transfiguração Ele permitiu que transparecesse pelo corpo a glória que Ele trazia na Alma. Jesus diz que “... no Reino de seu Pai, os justos resplandecerão como o sol...” (Mt 13, 43), será Ele “que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura”. (Flp 3,21), e “no dia de sua visita, eles se reanimarão, e correrão como centelhas na palha”. (Sb 3,7) e ainda promete que “os que tiverem sido inteligentes fulgirão como o brilho do firmamento, e os que tiverem introduzido muitos (nos caminhos) da justiça luzirão como as estrelas, com um perpétuo resplendor”. (Dn 12,3).
A nova matéria glorificada dos justos em nada poderá padecer ou ser molestada, nada poderá causar alguma dor, isto esta descrito claramente nas profecias escatológicas da Sagrada Escrituras, como diz o profeta Isaias: “e fará desaparecer a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e tirará de toda a terra o opróbrio que pesa sobre o seu povo, porque o Senhor o disse”: (Is 25, 8) eles “Não sentirão fome nem sede; o vento quente e o sol não os castigarão, porque aquele que tem piedade deles os guiará e os conduzirá às fontes” (Is 49,10), e ainda, o livro do Apocalipse de São João: “porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os levará às fontes das águas vivas; e Deus enxugará toda lágrima de seus olhos”. (Ap 7,16). Na restauração dos fins dos tempos, as almas se acharem confirmadas na total adesão a Deus; por estar unidas ao Senhor terão domínio sobre o corpo, haverá ordem perfeita entre a carne e espírito. As demais criaturas vão reconhecer o lugar eminente do homem no Plano de Deus, e elas se harmonizaram com o homem num único conserto de louvor à bondade de Deus.

Quando isso acontecerá? Após o último abalo cósmico deste mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo acontecerá com o triunfo definitivo de Deus na vinda de Cristo e com o Juízo final; assim se cumprirá o Reino de Deus. O juízo final terá lugar no fim do mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora. Isso acontecerá definitivamente “no ultimo dia” (Jo 6,39-40; 44.54; 11,24), no fim do mundo, quando o Senhor vier na Sua majestade e todos os Seus anjos com Ele (cf. Mt. 25,31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cf. 1 Cor. 15, 26-27), (LG 48)[4].

O juízo final (universal) consistirá na sentença de vida bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor Jesus, no seu regresso como juiz dos vivos e dos mortos, pronunciará em relação aos “justos e injustos” (At 24, 15), reunidos todos juntos diante dEle[5]. E a seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na retribuição que a alma teve no juízo particular.[6] Lembrando que juízo particular é o julgamento de retribuição imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal, em relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no acesso à bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou então à condenação eterna no inferno. Cristo nos julgará com o poder adquirido como Redentor do mundo, vindo para salvar os homens. Neste grande dia os segredos dos corações serão revelados, bem como o procedimento de cada um em relação a Deus e ao próximo. Cada homem será repleto de vida ou condenado para a eternidade segundo as suas obras. Assim se realizará “a plenitude de Cristo” (Ef 4,13), na qual “Deus será tudo em todos” (1 Cor 15,28).

 A Ressurreição dos mortos esta intimamente ligada, associada à parusia[7] de Cristo: “Quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o mesmo Senhor descerá do céu e os que morreram em Cristo ressurgirão primeiro”. (1Ts 4,16). Então teremos a visão beatifica, que é a visão de Deus na vida eterna, lugar em que seremos plenamente “participantes da natureza divina” (2 Pd 1,4), da glória de Cristo e da felicidade da vida trinitária. A bem-aventurança ultrapassa as capacidades humanas: é um dom sobrenatural e gratuito de Deus, como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança prometida coloca-nos perante escolhas morais decisivas em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar a Deus acima de tudo.

Se cremos pela fé que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trata como Jesus, por Jesus e com Jesus, aqueles que nele morreram. Digo, pela palavra do Senhor, que nós, os que estivermos vivos, os que ficarmos até a segunda vinda gloriosa do Senhor, certamente não precederemos os que já morreram. Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descera dos céus, e os mortos em Cristo ressurgiram primeiro. Depois nós, os que estivermos vivos seremos "arrebatados" com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre. Consolemo-nos uns aos outros com essas palavras. Amem!

 

Diác. Misael da Silva Cesarino



[1] CIC – Catecismo da Igreja Católica - marginal nº 997
[2] CIC – Catecismo da Igreja Católica - marginal nº 1021
[3] CIC – Catecismo da Igreja Católica - marginal nº 1042
[4] A Lumen Gentium (Luz dos Povos) é um dos mais importantes textos do Concílio Vaticano II. e CIC. 1038
[5] CIC .1040
[6] CIC.1021
[7]  Volta gloriosa do Cristo no fim dos tempos, para o Juízo Final.

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