É ano eleitoral e as feras devoradoras
e gananciosas estão soltas. Começa a corrida maluca e inescrupulosa do ego. O
vale tudo da política brasileira com um único objetivo: “o poder e as benesses”.
Uns vão atrás do maldito poder para realização pessoal, outros atrás de status
ou a possibilidade de levar vantagens financeiras – corrupção-, outros a
manutenção do feudo, isto é, legado político e assim por diante. Com isso, começa
também as falsas promessas, com objetivo
eleitoreiro de por mais quatros anos enganar os “bobos da corte”.
Estamos dentro de uma grande crise de
valores éticos e morais na política brasileira e em algumas instituições
importantes do nosso País. Os noticiários todos os dias nos apresentam
escândalos de desvios de verbas públicas, obras inacabadas, autoridades
envolvidas com a criminalidade, pessoas tentando corromper e corrompendo
servidores públicos, etc. E os homens e mulheres de bem, não aguentam mais
assistir tanta imoralidade na administração pública, é “mensalão”, “cachoeirão”
e assim por diante. Eu particularmente estou enojado do poder público, que aí está instituído em
nosso País como uma verdadeira sanguessuga da sociedade brasileira. Seja ele no
âmbito do executivo, legislativo ou judiciário. Esteja ele na esfera municipal,
estadual ou federal, ele me enoja. Enoja qualquer cidadão de bem.
De norte a sul, leste oeste desse
nosso país a corrupção fere de morte a sociedade, a economia, a política e - ao
mesmo tempo – fere os valores éticos e morais sobre os quais se fundamenta uma
sociedade digna. Ela está tão entranhada nos poderes (todos) que assume a condição de
“normalidade” da vida política nesse País. Ela é uma chaga que está destruindo
o tecido sadio da sociedade brasileira. A degradação e a ineficiência dos poderes públicos atingiram tão elevado grau, que já não acredito mais que,
se apesar de lentas, as mudanças nesse País um dia virão pela mãos de
políticos.
Acredito que, não é mais tempo do povo
deixar-se enganar na escolha dos seus representantes políticos, se é que,
podemos chamar tais “homens” de nossos representantes. Aliás, até parece uma
ofensa à população brasileira esta ideia de chamar esses “homens” que ai estão
de “representantes do povo”. Eu, não sou corrupto, não corrompo e também não
roubo, pois tenho procurado viver dentro da ética e da moral a honestidade
pessoal, portanto, sem querer generalizar, não me vejo representado por estes
“salafrários”.
Temos que ficar atento, aguçar nossa
memória para a história das nossas cidades, história que é muito recente, que
ainda está em nossa memória. Será que já esquecemos em “quem” votamos para
vereador ou prefeito? Será que estou satisfeito com aquele homem ou mulher que
ajudei eleger pelo voto? Vamos analisar criticamente essas pessoas, se foram
dignas durante o seu mandato, vamos dar uma nova oportunidade, mas se foram
relapsos com o mandato, se legislaram em causa própria vamos enxotá-lo do
poder, afinal quem os sustenta somos nós com nossos impostos, ou você
esqueceu-se disto. Você esqueceu que é patrão destes homens e mulheres. Eles
assinaram um contrato de quatro anos com você, se eles foram aprovados renove o
contrato, mas se não foram, mande embora.
Quero destacar que não sou contra a
política e nem os políticos, pois acho a política necessária e com papel
relevante para o desenvolvimento da nossa sociedade em qualquer instância, onde
os debates de ideias e valores retratam todas as categorias sociais nela
representada. O que não podemos confundir é corrupção com política, pois o que
existe são pessoas de má índole e corruptas por natureza, que se tornam
políticos e não políticos com ideais filantrópicos que se tornam corruptos.
Nesse período eleitoral, serão
comuns as caravanas de candidatos às comunidades eclesiais, atrás de eleitores.
Ainda que a legislação eleitoral proíba que templos religiosos sejam usados
como palanques eleitorais, alguns políticos ou aspirantes ao cargo tentam
“seduzir” as lideranças das comunidades eclesiais com o pretexto de “ajudar” a
comunidade com doações de materiais de construção, reforma do telhado,
cadeiras, aparelho de som novo e ajudas para festas, só para ter o seu nome
veiculado como um representante popular da comunidade. É aí que precisamos
estar atentos, pois esse pseudo “candidato” a político ou político em exercício,
já começa mal a sua campanha eleitoral. Ele mostra que possui uma conduta ética
e moral fundamentada na criminalidade e ilegalidade, pois dar, oferecer,
prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem dinheiro, dádiva ou
qualquer outra vantagem para obter ou dar voto é crime eleitoral previsto no
artigo 299 da Lei n 4.737 de 1995 do Código Eleitoral.
O que alerto neste artigo
não é novidade! Isso, infelizmente é realidade que permeia diversos dos nossos municípios
pelo País afora.
Se de fato somos cristãos,
se de fato estamos do lado da verdade, tal imoralidade e ilegalidade devem ser por
nós combatidos e denunciados, pois tais “candidatos” não devem ser eleitos e
muito menos reeleitos, pois se isto acontecer será o mesmo que realimentar a ciranda
da corrupção. Devemos, sim, expurgá-los da política, para que a uma verdadeira
representação do povo possa ser eleita de forma ética, com pessoas preparadas e
vinculadas a princípios éticos e valores morais cristãos, cuja missão principal
é a de servir seu município, seu povo sem apego ao dinheiro.
Deus condena a omissão dos que fecham
os olhos ou fazem de conta que não vê! Diz o Provérbio: “Se
disseres: Mas, não o sabia! Aquele que pesa os corações não o verá? Aquele que
vigia tua alma não o saberá? E não retribuirá a cada qual segundo seu
procedimento?” (Pv. 24,11-12). Ninguém, quer seja pobre ou rico, político
ou apolítico, religioso ou ateu, dirigente público, juiz ou ministro, pode usar
a desculpa de ignorância para evitar a responsabilidade de ajudar o povo que
está em necessidade, pois foram eleitos ou nomeados para cuidar dos interesses
da sociedade, e não dos seus, usando o poder em benefício próprio. Não pense os
senhores que Deus não sabe ou desconhece as situações de injustiça ou desmando
em que vive o nosso País nos seus três poderes. Se os senhores não praticam a justiça,
lembrem-se disso: Deus praticará! Hoje ou amanhã, pois ela poderá tardar, mas
jamais falhará! Nessa justiça divina eu confio, pois ela será o único remédio
contra a corrupção nos poderes, que é descaradamente hoje uma chaga aberta na
sociedade brasileira!
Vamos ficar com o olhar atento para dentro das nossas comunidades eclesiais, afim de que possamos identificar
e apresentar à sociedade como candidatos, homens e mulheres, com o perfil de alguns
personagens bíblico que foram importantes na condução do povo de Deus, tais
como Moisés, Abraão, José do Egito, Salomão, Davi, etc... Homens preparados
tecnicamente, forjados no caráter e na vivência como discípulo do Senhor, para
que possam influenciar e ajudar a nossa sociedade, sob pena de sofrermos com a
nossa omissão dando espaço ao continuísmo da corrupção neste momento de mudança
nas administrações municipais. “Para o cristão, participar da vida política
do município e do país é viver o mandamento da caridade como real serviço aos
irmãos, conforme disse o Papa Paulo VI: “A política é uma maneira exigente de
viver o compromisso cristão ao serviço dos outros” (Octogesima Adveniens, 46).
Só assim, seremos “fermento que leveda toda a massa” (Gl 5,9). (cf.Mensagem
da CNBB)
Paz e bem!
Diác. Misael da Silva Cesarino