Refletindo volta ao assunto sobre
a política, até porque aqui no Brasil estamos em plena campanha eleitoral para
as prefeituras municipais das grandes e pequenas cidades – municípios. É um tempo de refletir é tomar decisão
consciente, porque ela implicará no destino dos municípios pelo menos por
quatro anos. Mas, ao meu entender não basta só os eleitores tomar as devidas
cautelas para uma decisão “acertada”, é preciso que os que se apresentam como
candidatos a prefeitos ou vereadores sejam íntegros.
Atentemos para o fato de que, não
se fica um homem qualificado, isto é “bonzinho, santo, cheios de virtudes
franciscanas, vicentinas, carismáticas, etc.” de hora para outra. Também, não se
fica um católico ou evangélico qualificado só no período eleitoral. O que
observamos é nessa época um corre-corre as igrejas de indivíduos que durante
suas vidas viveram como se elas – igrejas - não existissem e agora se
apresentam com “cara de anjos”, para sensibilizar os fiéis.
Nossos candidatos – quase na sua
maioria - precisam se qualificar como seres humanos bons, honestos e morais.
Precisam buscar na fé vivida seja através do cristianismo ou de outras
religiões encontrar Deus e com Ele viver seu dia a dia, pois o homem que não
vive comunhão com Deus e não o carrega no coração vira “bicho”. E bicho meus
amados, vive segundo seus instintos animalescos. Aliás, os políticos não
precisam ser “santos”, mas precisam ser humanos, precisam cultivar a caridade
no coração, pois ela é a única virtude que carregamos para a eternidade.
Quero lembrar aos nossos
candidatos que, existe na Igreja um santo, proclamado Padroeiro dos Governantes
e dos Políticos que soube testemunhar até ao martírio a dignidade inalienável
da consciência. Dele emana uma mensagem que atravessa os séculos e que fala aos
homens e mulheres de todos os tempos dessa dignidade da consciência que deve
permear a vida dos nossos governantes e políticos. Esse santo é chamado de São
Tomaz Moro, que chegou a pensar em ser um religioso vivendo por quatro anos num
mosteiro, mas desistiu. Aos vinte e dois anos, já era doutor em direto e um
brilhante professor. Como não tinha dinheiro sua diversão era escrever e ler
bons livros. Além de intelectual brilhante tinha uma personalidade muito
simpática, um excelente bom humor e uma devoção cristã arrebatadora. Como eu disse
anteriormente, ele tentou tornar-se um religioso “franciscano”, mas sentiu que
não era o seu caminho. Então, decidiu pela vocação do matrimônio. Casou-se,
teve quatro filhos, foi um excelente esposo e pai, carinhoso e presente. Mas
sua vocação ia além, ela estava na política e na literatura.
No ano de 1529, Tomás Moro era o
chanceler do Parlamento da Inglaterra e o soberano era o rei Henrique VIII. Mesmo
entranhado no poder real Tomás Moro nunca se afastou dos pobres e necessitados,
ele regularmente os visitava para melhor atender suas reais necessidades. Sua
casa sempre estava repleta de intelectuais, mas também de pessoas humildes,
preferindo a estes mais que aos ricos. Ele evitava a todo custo o envolvimento
com a vida sofisticada e mundana da corte. Era muito admirado e amado por sua
esposa e seus filhos, pelo caráter, pela honestidade e pelo bom humor, que lhe era
peculiar em qualquer situação. Ao longo de toda a sua vida, foi um marido e pai
afetuoso e fiel, cooperando intimamente na educação religiosa, moral e
intelectual dos filhos.
Ele foi martirizado no meio de
uma grande controvérsia, quando o rei Henrique VIII tentou desfazer seu
legítimo matrimônio com a rainha Catarina de Aragão, para casar-se com a
cortesã Ana Bolena. Isso envolveu a Igreja, a Inglaterra e boa parte do mundo,
fato que contrariou todas as leis da Igreja que se baseiam no Evangelho e que
reconhece a indissolubilidade do matrimônio. E para fazer a vontade do rei, o
Parlamento Inglês curvou-se e publicou um documento tido como “Ato de
Supremacia”, que proclamava o rei e seus sucessores como chefes temporais da
Igreja da Inglaterra. Diante disso, o rei mandou prender e matar todos
seus opositores. Entre eles estavam o chanceler Tomás Moro e o bispo católico João
Fisher, as figuras mais influentes da corte. Os dois foram decapitados: o
primeiro foi João, em 22 de junho de 1535, e duas semanas depois foi a vez de
Tomás, que não aceitou o pedido de sua família para renegar a religião católica,
sua fé e, ainda, fugir da Inglaterra. Morreram por não concordar com os “conchavos
da corte” e manter a dignidade das suas consciências. Ambos foram canonizados na mesma cerimônia
pelo papa Pio XI, em 1935, que indicou o dia 22 de junho para a festa de ambos,
e o saudoso papa João Paulo II, no ano 2000, declarou são Tomás More “Padroeiro
dos Políticos”. Portanto senhores candidatos, exemplos e testemunhos de
coerência política e dignidade de consciência há, basta segui-la.
Lembrem-se senhores candidatos, quando
o homem ou a mulher prestam ouvidos aos apelos da verdade sua consciência será
guiada com segurança e consequentemente os seus atos norteados para o bem. É precisamente
por causa do testemunho de vida que evoquei nesta reflexão São Tomás Moro, que derramou
o seu sangue em favor da verdade sobre o poder e os conchavos na corte. Ele
deve ser para os que pleiteiam cargos político um exemplo imperecível de
coerência moral. Mesmo que não seja você cristão, ainda que esteja fora da
Igreja, mas que se sentem chamados a guiar os destinos das nossas cidades faça
da sua vida uma fonte de inspiração, para que tenhamos uma política que visa
não as benesses dos seus mandatários, mas tenha como termo o serviço da dignidade
da pessoa humana. Portanto, é possível viver santidade na política!
Paz e bem!
Diác. Misael da Silva
Cesarino