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LEGALISMO RELIGIOSO

Hoje ao levantar-me, veio a mente a questão do legalismo religioso. Um assunto de certo modo interessante dentro das Igrejas, tanto nas tradicionais quanto nas novatas que pululam por aí. Muitos evangélicos tradicionais, congregacionais, mas precisamente as seitas neo-pentecostais, pensam que pelo fato de se vestirem de modo diferente ou até mesmo de abrir mão de um copo de cerveja ou vinho, ir ao cinema, etc., já conquistaram a salvação e a vida eterna! O que essas “instituições” não percebem é que ao proceder assim, eles estão se autoenganando.
Isso fica mais grave ainda, quando verificamos no nosso meio católico, e aqui é acentuada a práxis do legalismo religioso em todos os aspectos. Diga-se de passagem, por falta de uma evangelização eficaz e catequese permanente. Muitos cristãos católicos se dizem religiosos, mas, não entendendo a graça, vivem numa relação de mérito e retribuição com Deus, vivendo uma religiosidade de troca e de interesse.

Muitas vezes, inconscientemente manipulam a mensagem do Evangelho em causa própria, incutidos pela mentalidade de barganha por milagres e prodígios, voltados para benefícios particulares, em geral vinculados aos bens materiais. Exclui-se assim a salvação em Cristo, que passa a ser apresentada como sinônimo de prosperidade material, saúde física e realização afetiva. Isso acaba gerando a apatia espiritual. E a apatia espiritual, por sua vez, gera esse marasmo da fé, essa dicotomia entre a fé e a vida, onde as verdades do Evangelho e os Sacramentos não produzem senso de missão e responsabilidade, de modo que o católico apático vive "empurrando" Cristo com a barriga e  consequentemente inoperante como discípulo missionário. Vive só do legalismo religioso. Por isso, muitos acham que só cumprimento dos preceitos e o consumo de sacramentos salvam. Ora, se a salvação é de graça e por meio da fé em Jesus Cristo, se é encontro com Jesus Cristo e acolhimento da graça do Pai que, pela força do Espírito, revela o Salvador e atua no coração de cada pessoa, então toda e qualquer tentativa de apropriar-se de Deus no tocante à salvação é heresia e engano se for por legalismo religioso.

É claro que o cristão evangélico ou católico deve procurar se vestir adequadamente para apresentar-se ao templo para louvar o Senhor seu Deus, pois a santidade inclui também nosso corpo, nosso caráter, nossa atitude. Mas, daí pensar que o fato de usar saia comprida, não cortar o cabelo, não tomar um copo de cerveja ou vinho e seguir contrariado preceito o religioso, o faz, mas santo que o teu irmão, é burrice. A santidade não conquista pelo seguimento de um conjunto de doutrina ou práxis religiosas exteriores: é uma vida com Cristo, é um discipulado com o Senhor, que nos leva a refletir no mundo o seu caráter e atitudes. Isso é testemunhá-lo.

Uma das maiores características do legalista religioso é a ausência de misericórdia no seu coração. Isso ficou muito claro no evangelho. Basta observar o caso da mulher apanhada em adultério, por exemplo: o povo enfurecido, além de expor a mulher adúltera ao ridículo, arrastando-a pelas ruas da cidade, ainda queria apedrejá-la até a morte, e tudo com respaldo da lei de Moises! Tenho certeza que esse povo pensava que estava fazendo o correto e que era respaldado pela Lei. Porque agia assim? Se eles eram conduzidos por homens conhecedores "da toráh", e podiam citar uma série de versículos em cadeia temática para justificar suas atitudes, mas infelizmente eram pessoas incapazes de amar, compreender e simplesmente perdoar. Por isso é preciso ter muito cuidado, pois o caminho inevitável do legalismo religioso é a morte espiritual do cristão.

Precisamos tomar muito cuidado, porque nesse processo pode morre o pregador ou o catequista legalista, em seu equivocado senso de auto justiça, por fazer uma falsa ideia acerca de si mesmo ou uma interpretação errônea das Sagradas Escrituras ou Doutrina da Igreja. Com eles morrem também na fé os seus ouvintes ou catequizandos, que acabam comprando uma falsa ideia acerca de Deus, sendo levados em multidão a crer no Deus errado, querendo agradá-lo com ativismo religioso.

Meus amados (as), não estou aqui agindo com “infalibilidade papal”, nem como o “dono” absoluto de toda a verdade. Sei que sou pecador e erro muitas vezes e em muitas coisas, mas não peço subserviência ao meu pensamento, muito menos que acatem incondicionalmente as minhas ideias. Pois, minha intenção não é impor nada, mas sim suscitar a reflexão acerca das nossas práxis religiosa. Pois, sempre há algo novo para se aprender, e refletindo... mudar.

Diác. Misael