Estamos
concluindo o Mês de outubro, mês de dedicado as missões. E a pergunta que faço é esta: “Acabou a Missão”? Pois é mais ou
menos assim que funciona o nosso agir eclesial. Temos uma campanha seja ela
qual for, e depois da Campanha vem o esfriamento pastoral.
Amados,
partindo do pressuposto de que o significado de missão no contexto bíblico,
inicia-se com a revelação do próprio Deus na história, logo percebemos que o
padrão para qualquer definição do nosso agir missionário deve ser compreendido
através da missão do próprio Deus: Uma missão
contínua! Vejam que tanto na antiga como na nova
aliança podemos aprender com os “modus
operandi” da missão divina com relação a salvação da humanidade, é válido
aprendermos com Ele próprio o significado da missão.
Primeiramente a missão é uma entrega pessoal. E isso, vemos desde da narrativa bíblica do
livro do Genesis, na natureza do amor de Deus, uma vez que, mesmo antes dEle
criar a luz, já existia no seu projeto a cruz sacrifical de Cristo em favor da
Salvação do gênero humano – “… o
cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap 13, 8). Este amor
altruísta de Deus está nos indicando o verdadeiro significado da consciência
missionária dos seus discípulos: a renúncia,
onde a importância e o significado do outro assume o lugar das nossas conveniências
e interesses pessoais – “... segundo o
exemplo de Cristo, que nos amou e por nós se entregou a Deus como oferenda e
sacrifício de agradável odor”.
(Ef 5,2)
A Missão é uma atitude de renúncia pessoal, enquanto que, a nossa entrega é um ato de
doação, a renúncia é a nossa a atitude de esvaziamento. A Sagrada Escritura declara que Jesus – “Sendo ele de condição divina, não
se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo
a condição de escravo e assemelhando-se aos homens.” (Fl 2,6-7). Isso nos leva a concluir que, a missão segundo a vontade divina sempre
estará atrelada a atitude da renúncia, que significa deixar para conquistar, ou perder para ganhar, elucidando assim a
afirmação do Apóstolo Paulo que diz – “Somos julgados tristes, nós que estamos sempre contentes;
indigentes, porém enriquecendo a muitos; sem posses, nós que tudo possuímos!” (2 Cor 6,10)
A Missão é o fruto essencial. Dentre os diversos pressupostos bíblicos relacionados
com a missão da igreja, é válido ponderar com algumas perguntas que certamente
ampliarão o alcance da nossa reflexão e conscientização – Tendo o cristão católicos ou não, consciência da relevância e
necessidade de se fazer missões, qual o motivo de muitos continuarem
indiferentes e apáticos com relação ao assunto?
Acredito
que possivelmente, uma das razões de termos católicos indiferentes e apáticos é pelo fato, de que, antes da
missão acontecer, primeiramente o “ser”
do discípulo missionário precisa acontecer, sendo ele forjado pelo Espirito no
caráter e sentimento de Jesus Cristo. Observem amados que, na descida do Espírito
Santo, o poder que os discípulos receberiam, seria para eles “ser” testemunhas, (Atos 1,8). De modo
que, a missão começa antes do “fazer”,
inicia-se primeiramente no “ser” do
discípulo.
Missão é trabalho factual, palpável. A missão de Jesus Cristo, não consistia em
esperar os pecadores se aproximarem Dele, mas antes, Ele o próprio Cristo tomava a iniciativa de ir até aos
necessitados. Observe que, o mandamento da grande missão ordenada por Ele é
– “… Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura.” (Mc 16,15). O mandamento não diz “Esperai
por todo mundo e pregai”, mas antes, a ordem é “Ide e pregai”, afirmando
que a nossa missão eclesial é de natureza imperativa e ativa.
Resumindo, nesses tempos em que estamos vivendo, verificamos que o perfil
de sucesso espiritual de alguns cristãos católicos não está mais vinculado ao
ser um discípulo missionário, mas antes, em tornar-se um turista eclesial,
seguidores de personalidades, um sem pertença comunitária. O mês de outubro com
sua proposta de aguçar nossa consciência missionária está findando, mas urge a necessidade de resgatarmos
diariamente em nossas comunidades e fieis a consciência e a urgência da missão
da Igreja, tendo em conta que “cuidar
da casa comum é nossa missão”, missão daqueles que encontraram com Cristo.
Outubro se foi, mais a missão redentora da Igreja continua. Então usa-nos Senhor!
Nossos agradecimentos à todos missionários e
missionárias, que se dispuseram a doar uma parcela do seu tempos neste últimos
anos em nossa paroquia para a causa missionária. Deus abençoe a todos!
Diác. Misael da Silva Cesarino
Na festa de São Judas Tadeu 2016