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domingo, 17 de dezembro de 2017

NOSSO DESAFIO ECLESIAL HOJE

O nosso maior desafio enquanto Igreja nos dias de hoje, não está no mundo exterior, mas sim dentro da própria Igreja, é viver o Evangelho de Jesus de tal forma que ele se torne uma mensagem atraente para as crianças, jovens e idosos. Enfim para os homens e para as mulheres do nosso tempo. Só que essa mensagem tem que ser autêntica, fiel a doutrina e responder as interrogações do mundo de hoje. Essa mensagem tem ser acreditável, pelo anúncio explícito do Evangelho vivido e testemunhado.
Penso que, se ainda não somos convincentes, cativantes em nossas ações evangelizadoras, é porque ainda existe muito amadorismo em relação à formação e preparação dos nossos fiéis, em especial com as lideranças, que desembocam em “graves conflitos, muitas discórdias, divisões, apegos aos cargos, servilismos, acúmulo de responsabilidades, etc.” (Doc 105 CNBB, 47); e ainda “a necessidade de superação do analfabetismo bíblico, a preocupação com os afastados, a saída da zona de conforto, a qualidade das nossas reuniões, a necessidade de mais transparência na administração das finanças” (cf. Doc 105, CNBB 49).
O sábio Papa Francisco com seus olhos de águia, no seu discurso à Cúria Romana, em 23 de dezembro de 2014, elencou quinze doenças que estão presentes em nossas instituições eclesiástica, inclusive nos conselhos de pastorais. Replico aqui o texto do Doc 105 CNBB. 48, que diz: “o sentir-se imortal, imune ou até mesmo indispensável; o martilismo (que vem de Marta); o emperdimento mental e espiritual; a planificação excessiva e o funcionalismo, a má coordenação; o Alzheimer espiritual; a rivalidade e a vanglória, a esquizofrenia existencial; a bisbilhotice, murmurações e mexericos; a divinização dos chefes; a indiferença para com os outros, a cara de fúnebre; o acúmulo; os círculos fechados; o proveito mundano, os exibicionismos. Esses também são males -desafios- à serem vencidos.
O Papa avança nos seus ensinamentos criticando o neopelagianismo[i] eclesiástico, dando exemplos concretos como o: “carreirismo, clericalismo, gnosticismo, elitismo, tradicionalismo e outros”. Ele refere também “à idolatria do mercado, à centralidade do dinheiro, ao apego ao poder”. Males estes que afetam o mundo e as suas práticas, recusando cada vez mais a ação gratuita de Deus; mas que também está presente na igreja. Muitas vezes se age como simples funcionários e burocratas da instituição eclesial, confia-se demais nas forças e cálculos, atua-se como agentes de uma empresa, uma ONG, uma agência de serviços (cf.Doc 105 CNBB, 50.
Estes desafios eclesiais só serão vencidos, e o Evangelho se tornará uma mensagem atraente para as crianças, jovens, idosos, enfim para os homens e para as mulheres do nosso tempo, se: clérigos, cristãos leigos e leigas forem “Sal e luz do mundo” (Mt 5.13-14), “se sairmos de nós mesmos, para iluminar, doar-se, dar sabor e dissolver em prol do Evangelho, pois nem o sal, nem a luz, nem a igreja e nenhum cristão vive para si mesmo” (cf. Doc 105 CNBB, 13).
Enfim, se a Igreja, isto é, cada um de nós, clérigos, leigos e leiga quisermos evangelizar, devemos renovar-se permanentemente, buscando incessantemente nossa conversão (cf. EN 10) e começando a evangelizar-se a si mesmo (cf. EN 15). Diz o Papa Francisco, que é preciso tomar cuidado com o “mundanismo espiritual” que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja e busca, em vez da glória de Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal” (cf. Doc 105 CNBB, 83), preciso buscar incessantemente a “conversão pessoal e pastoral”. Pois, só assim, ajudaremos “os membros da Igreja a se encontrar sempre com Cristo, e assim reconhecer, acolher, interiorizar e desenvolver a experiência e os valores que constituem a identidade e missão cristã no mundo” (cf. DAp. 279).
Paz e bem!
Diác. Misael da Silva Cesarino




[i] O pelagianismo, proveniente da doutrina de Pelágio, no final do século IV, ensina que o ser humano tudo pode, tudo faz, tudo consegue, sem precisar da graça de Deus.

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