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domingo, 12 de fevereiro de 2012

A VIDA NOVA E O FRUTO DO ESPÍRITO – PARTE 1


O apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas, capítulo 5,13.16-18 e aos Romanos, capítulo 8,1-12, chama de “luta contra a carne”, o processo de purificação realizado pelo Espírito na vida do batizado. Contudo o homem pelo batismo ter sido regenerado e já tenha recebido o Espírito Santo; ele vive uma permanente ameaça da possibilidade de voltar a ser carnal, isto é voltar a ser o homem natural, decaído, não remido, vivendo em poder do seu próprio egoísmo, idolatrando a si mesmo.
Isso acontece porque que há dois reinos que disputam o poder absoluto da nossa vida de batizado; o reino de Deus dentro de nós, e o reino material aos nossos olhos. De um lado a carne reluta contra o Espírito, e do outro, este contra a carne, porque são opostos um ao outro. Isto acontece porque o alimento que satisfaz a vida carnal é material; são eles “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (Cf. Jo 2,16), os prazeres mundanos, a sabedoria humana, o louvor dos homens, a ambição para os primeiros lugares e o orgulho da aparência, mas tudo isso é passageiro. Portanto, é, pois, deverás perigoso o mundo em que vivemos. E será o Espírito Santo que libertará o cristão dessa força negativa, é ele que o tornará capaz de abrir e aderir a Deus e aos outros, numa vida orientada segundo o critério da caridade. O cristão só pode permanecer na condição de filho de Deus, e como filho Dele, “chamado à liberdade” (cf. Gl 5,13), graças à intervenção do Espírito Santo, que é o principio da liberdade.


“Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais. Pelo contrário, fazei-vos servos uns dos outros pela caridade” (Gl 5,13).

O Apóstolo Paulo exortava e ainda exorta os cristãos de hoje a “andar segundo o Espírito”, a “deixar guiar pelo Espírito”, Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que quereríeis. Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a lei”. (Gl 5,16-18).

É sabido que a contradição entre a carne e o Espírito está dentro de cada cristão; ele já é filho e tem o Espírito de filho de Deus, mas persiste nele a possibilidade pecaminosa das obras da carne que são: “ fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, feitiçaria, ódio, discórdia, ciúmes, ira, rivalidade, divisão, sectarismo, inveja, bebedeira, orgias e outras coisas semelhantes” ( Gl 5,19-21). Essas coisas são capazes de levar o batizado à sua velha condição de escravo e a sufocação das obras do Espírito Santo.

Ao olharmos para a moral cristã, divinamente inspirada e escrita no contexto neotestamentário, vamos verificar que ela não é uma moral de efeito escravizante, muito menos ela é um conjunto de normas éticas que são impostas de fora ao batizado, o que podemos perceber que ela é o modo conatural de agir do “homem novo”, do “homem espiritual”, do batizado que tornou um “outro Cristo”, que passou a ter uma vida vivida segundo a lógica da “nova vida em Cristo” (cf. Ef 4,17-32) e a ter os mesmos “sentimentos de Cristo” (cf. Fl 2,15).

É pelo Espírito Santo, que o batizado é levado a viver a lógica do Sermão da Montanha (Mt 5), das bem-aventuranças, que lhe oferece a possibilidade de mais facilmente servir a Deus  “sob o regime novo do Espírito, e não mais sob o velho regime da letra” (Rm 7,6). Despojado do velho homem, mortos para a lei escravizante e renovado no Espírito, o fruto do Espírito Santo há de florescer na vida do cristão autêntico, pelo “amor de Deus que foi dado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” ( Rm 5,5).  O Espírito Santo é um dom gratuito de Deus para o batizado, é a semente de uma vida moral coerente, harmoniosa, que ele é convidado a viver, em outras palavras, é viver doravante uma vida animada pelo Espírito Santo.

Vivendo o “homem novo”, haverá na vida do batizado, manifestações do Espírito que marcarão sua vida cristã, e esta se irradiará em testemunho de “vida nova”, que o Apóstolo Paulo chama de “fruto do Espírito” e o catecismo da Igreja católica, com base na Sagrada Escritura os explica e enumera como perfeições que o Espírito Santo modela em nós como primícias da Glória eterna. A tradição cristã enumera doze: ”caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade” (Gl 5,22-23 – Vulgata) (CIC 1832)

Mas, existe ainda um fruto que brota diretamente da caridade e do fato de sermos filhos de Deus no seu Filho Jesus: a “liberdade” – daí dizer que quanto mais alguém tem caridade, tanto mais liberdade, porque onde há Espírito do Senhor, aí há liberdade ( 2Cor 3,17) . “Quem vive a perfeita caridade, tem em grande escala a liberdade”, diz São Tomaz de Aquino. O apóstolo Paulo divinamente Inspirado disse: “irmãos, vocês foram chamados para serem livres {...} Se forem conduzidos pelo Espírito, vocês não estão mais submetidos à Lei”  (Gl 5,13-18); assim o cristão é livre porque segue a lei do Espírito (cf. Rm 8,2), que o impulsiona a fugir do mal por amor e não por medo. Tudo isso é real e verdadeiro na vida do batizado, porém, é claro que isso não processa mecanicamente, mas trata-se de uma meta à qual o Espírito conduz, à medida que o batizado aceita e acompanha a sua ação.

Podemos até dizer que o fruto do Espírito Santo no batizado, é um amadurecimento do seu discipulado dinâmico em Cristo, pois a vida cristã deve ser um contínuo crescer, um avançar constante na direção do Espírito e sob seu impulso. Isso implica em estar atento e dar ouvido ao Espírito que fala, e da mesma forma segui-lo obedientemente por uma vida plasmada por sua força e estilo. Diz o apóstolo Paulo; “se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito Santo’”(Gl 5,25)

Finalizo, afirmando que é na graça do Senhor, e no caminho de fidelidade a Ele, que vamos viver uma vida abundante, uma vida nova produzindo fruto do Espírito Santo.
                Paz e bem!
Diác. Misael da Silva Cesarino

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